Quando se fala em sustentabilidade e preservação ambiental, é comum pensar em políticas públicas, ações escolares ou movimentos sociais. No entanto, a verdadeira transformação começa onde os valores são moldados: dentro de casa. Segundo Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, autora do livro Bichos Vermelhos e entendedora do assunto, os adultos têm um papel insubstituível na formação ecológica das crianças. Suas atitudes cotidianas influenciam diretamente a maneira como os pequenos percebem e se relacionam com o planeta.
Cuidar do meio ambiente é, acima de tudo, um compromisso coletivo. E dentro da família, esse compromisso ganha contornos afetivos e formativos. O que os adultos fazem, dizem e escolhem se transforma em referência para as novas gerações.
O exemplo é o primeiro passo
Crianças aprendem muito mais pelo exemplo do que por regras. Quando veem os pais separando o lixo, economizando água, utilizando sacolas reutilizáveis ou optando por alimentos mais naturais, absorvem esses comportamentos como algo natural.

Lina Rosa Gomes Vieira da Silva destaca que a coerência entre discurso e prática é essencial. É importante, por exemplo, não apenas ensinar que devemos cuidar dos animais, mas mostrar esse cuidado no cotidiano: respeitando os bichos, evitando desperdícios e valorizando a biodiversidade brasileira.
Práticas sustentáveis que podem ser incluídas na rotina familiar
Pequenas ações, quando incorporadas à rotina, fazem toda a diferença. A seguir, algumas sugestões simples e eficazes para famílias que desejam contribuir com a formação ambiental das crianças:
1. Separação do lixo doméstico
Criar um sistema de coleta seletiva dentro de casa, explicando para as crianças o que pode ser reciclado e como isso ajuda o planeta.
2. Redução do consumo
Evitar o uso excessivo de plásticos, comprar apenas o necessário e reutilizar materiais sempre que possível são atitudes que ensinam consciência de consumo.
3. Cuidado com a água e a energia
Fechar a torneira enquanto escova os dentes, apagar as luzes ao sair dos cômodos e optar por lâmpadas econômicas são atitudes que, além de sustentáveis, reduzem os custos familiares.
4. Estimular o contato com a natureza
Passeios ao ar livre, plantio de hortas caseiras e cuidado com plantas incentivam o respeito pela vida e criam conexões afetivas com o meio ambiente.
5. Leituras e conversas sobre o tema
Livros como Bichos Vermelhos, que abordam o tema de forma lúdica, são excelentes pontos de partida para diálogos em família. Conforme Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, quando o aprendizado vem acompanhado de afeto, ele é mais duradouro e significativo.
O papel dos adultos como mediadores e ouvintes
Mais do que ensinar, os adultos devem estar abertos a escutar as crianças. Muitas vezes, elas trazem observações sensíveis, ideias criativas e questionamentos que desafiam o comportamento dos próprios pais. Valorizar essas vozes é uma forma de reforçar a educação ambiental como uma via de mão dupla.
Lina Rosa Gomes Vieira da Silva ressalta que os adultos não precisam ter todas as respostas, mas precisam demonstrar interesse e disposição para aprender junto. Essa abertura fortalece os vínculos e cria um ambiente propício ao desenvolvimento de atitudes sustentáveis.
A educação ambiental começa em casa
A escola tem um papel crucial na formação ecológica, mas é no lar que os primeiros passos são dados. A maneira como a família lida com o consumo, o descarte, o cuidado com os animais e o uso dos recursos naturais molda a visão de mundo das crianças.
Quando pais e responsáveis assumem esse papel com consciência, eles ajudam a formar uma geração mais preparada para enfrentar os desafios ambientais com empatia, responsabilidade e criatividade. De acordo com Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, cada família é um pequeno ecossistema onde os valores podem florescer — basta cultivá-los.
Conclusão: cuidar do planeta é um gesto diário e coletivo
Assumir a responsabilidade ambiental em família não exige perfeição, mas sim compromisso e intenção. A cada escolha consciente, os adultos ensinam às crianças que cuidar do planeta é um ato de amor — pela vida, pelas futuras gerações e por todos os seres.
Como defende Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, o futuro sustentável que desejamos começa com os gestos de hoje. E quando esses gestos são vividos dentro de casa, com afeto e verdade, eles se tornam sementes de transformação que florescem por toda parte.
Autor: Mike Gull